Quem foi George Wishart




Mas, por amor de ti, somos entregues à morte continuamente, somos considerados como ovelhas para o matadouro. (Salmo 44:22)

A Igreja cristã, desde sua fundação, tem sido regada a sangue de santos. Primeiro foi o do fundador da era cristã, o próprio Cristo, que foi crucificado em favor daquelas que nele depositam a fé; posteriormente foi o sangue dos incontáveis mártires, a começar de Estevão, que se dispuseram a morrer por amor de Jesus Cristo. Foi assim que a Igreja cresceu. E George Wishart (1513-1546) foi um desses mártires. E como um que não teve vergonha nem medo de morrer por amor a Cristo, não devemos ter vergonha nem medo de nos lembrarmos dele.
Membro da família Pitarrow, George Wishart nasceu em Kincardineshire, Escócia, por volta de 1513. Foi educado no King's College, em Aberdeen, e na University of Leuven. Posteriormente, Wishart começou a ensinar Grego na Escola de gramática de Montrose. Por ser adepto do protestantismo, Wishart via grande importância no estudo das línguas originais da Bíblia. Seu ensino protestante o fez ser acusado de heresia em 1538 na Escócia católica de seu tempo, o que o fez buscar abrigo na Suíça e na Alemanha. Na Suíça, Wishart se pôs entre os calvinistas, onde aprimorou sua visão doutrinária. Retornou à Escócia somente em 1544 para realizar o casamento de Eduardo VI.
Na Escócia novamente, Wishart seguiu a pregar o Evangelho de Cristo, até que foi apreendido em Edimburgo, levado ao Castelo de Edmburgo, e posteriormente levado pelo Cardeal Beaton ao Castelo de Saint Andrews, onde foi condenado por heresia e veio a sofrer a pena capital sendo queimado.
O trabalho de evangelização na Escócia, pelo qual Wishart tinha amor a ponto de dedicar-lhe a vida, foi posteriormente retomado por um amigo e discípulo seu, John Knox, que sem sofrer menos liderou a Escócia no grande avivamento protestante. O modelo de governo da Igreja da Escócia sob a liderança de Knox foi o que posteriormente veio a ser chamado de presbiterianismo. Knox foi o fundador da primeira Igreja Presbiteriana, uma Igreja essencialmente cristã calvinista, com um modelo de governo aprimorado em relação ao genebrino. Podemos, portanto, dizer que Wishart preparou o caminho para Knox, que veio a ser um dos reformadores de maior impacto. 
No entanto, muito se fala em Calvino, menos se fala em Knox e quase nada se fala de Wishart. É importante que nos lembremos de Wishart para que alimentemos em nosso coração o mesmo amor por Cristo que George tinha. Um amor que se preciso for, nos fará morrer por Cristo. Talvez você pense que vivendo no ocidente, não teremos de conviver com a perseguição que Wishart teve de enfrentar, e que por isso, talvez não precisemos morrer por Cristo. Isso é bem verdade. Ao menos por enquanto. Porém, ainda que com outra roupagem, o mesmo inimigo persiste. Nos dias de hoje, no ocidente, ser um servo fiel de Jesus Cristo não nos coloca na fogueira, como aconteceu com George Wishart, mas pode fazer com que sejamos expostos a vergonha, a fim de que renunciemos a nossa fé. Ser cristão, acreditar na Bíblia como a Palavra inerrante e infalível de Deus, pode fazer com que sejamos motivos de piada na academia e no meio cultural – taxados de fundamentalista, retrógrados, ultraconservadores. Se antes os nossos inimigos nos ameaçavam com a morte, hoje nos ameaçam com um banho Maria de vilipêndios de toda sorte. Alguns buscam se livrar dessa vergonha cedendo em um ponto ou outro, sob pretexto de “diálogo” com a cultura. Em troca de um ou outro elogio, ou do status de ser um cristão menos conservador, acabam por negociar alguns pontos que Wishart jamais negociaria. Cabe a nós lembrarmos de Wishart para que nos lembremos que a missão ainda não acabou, que ainda temos de pregar a Cristo, que temos de manter nossa identidade e que se homens como Wishart morreram por amor ao Evangelho, por que estamos nos calando pelo simples medo de passar “vergonha”? Lembremo-nos de Wishart, pois o Cristo de Wishart é o mesmo Cristo que servimos, e este exige de nós igual adoração. Porque de Cristo, por Cristo e para Cristo são todas as coisas.

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