O Credo Apostólico e as heresias


Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da terra.

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Universal; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém.




Por muitos séculos, semanalmente, os cristãos têm recitado e crido nas palavras proferidas no Credo Apostólico. Esse credo é o pilar sobre qual o cristianismo está fundamentado, pois não foram poucas as vezes que a fé cristã esteve ameaçada por pensamentos perniciosos que resultariam numa heresia. A construção do pensamento cristão foi sendo desenvolvida ao longo da história da igreja e homens como Agostinho, por exemplo, contribuíram significativamente para a solidificação da teologia cristã.

E como se deu esse pensamento? Qual foi o critério utilizado para dizer se aquele pensamento era ou não cristão? A base fundamental foi o Credo dos Apóstolos que desde o surgimento da igreja primitiva foi sendo recitado por todos os seguidores de Jesus de Nazaré.

Não é cristianismo se não há crença no único Deus criador; não é cristianismo se não há crença na ressurreição dos mortos; não é cristianismo se não há crença na deidade de Jesus Cristo e do Espírito Santo; não é cristianismo se não há crença do nascimento virginal do Messias e não é cristianismo se não há crença na volta de Jesus para julgar o mundo.

O credo dos apóstolos é como o alicerce de uma casa, pois além de dar toda sustentação para a fé cristã, vai evitar todo e qualquer tipo de pensamento, contaminado por idiossincrasias humanas, de ser introduzido no seio do cristianismo. Não foram poucas as controvérsias que a igreja teve que enfrentar ao longo da história. Desde a formação da igreja primitiva, como pode ser visto no livro de Atos dos Apóstolos, no capítulo 15, houve a necessidade de se fazer assembleias e concílios para decidir os rumos da fé.

Entre as controvérsias mais famosas, nós podemos dizer da proposta por Ário, que negava a divindade de Jesus Cristo e que foi duramente combatida por Atanásio; e houve também o pensamento de Pelágio que negava o pecado original do homem e que foi refutado brilhantemente por Agostinho de Hipona, que é, depois de Paulo de Tarso, provavelmente o mais importante teólogo da história do cristianismo. E a cada controvérsia a igreja se levantava e buscava nas Escrituras, apoiando-se também no Credo dos Apóstolos para determinar se aquela novidade doutrinária proposta poderia ser aceita ou não.

O credo apostólico é como uma cerca que da os limites para onde o pensamento cristão pode caminhar. Podemos em doutrinas que não são fundamentais discordar, contudo negar umas das afirmativas do credo é negar a essência do cristianismo. Há muitas controvérsias que não são essenciais para o alcance da salvação, uma vez que é a fé em Jesus de Nazaré que concede o dom gratuito da vida eterna, mas não crer na Trindade, por exemplo, causa sérios danos que podem ser irreversíveis.

Houve um tempo na história da igreja que os cristãos eram convocados a apresentar a razão de sua fé. Na França, pós reforma protestante, surgiu um grupo denominado huguenotes, que seguindo a tradição reformada de Genebra, convocava seus adeptos a decorar trechos das Escrituras Sagrada e ter sempre em mãos, cópias de trechos bíblicos. Os huguenotes só recebiam como membros de sua comunidade pessoas que cumpriam o mandado do apóstolo Pedro, segundo o que está escrito na sua primeira carta, no capítulo três e versículo quinze.

“Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.” 1 Pedro 3:15.

Hoje, os círculos cristãos estão recebendo seus fiéis e eles têm permanecidos em suas comunidades e se autodeclarando crentes, contudo em muitos casos desconhecem a razão de sua esperança. A fé cristã convoca seus fieis a ter uma fé racional. Não basta crer no Jesus Cristo histórico ou no Jesus Cristo pop star, muito menos no Jesus Cristo carente que implora pelo amor da humanidade, é preciso crer que ele é de fato o filho de Deus e perdoa pecados. Caso Jesus não perdoe pecados, suas palavras soam como a de um lunático e não como de um mestre, como dizia C. S. Lewis.

A fé proclamada pelo mundo gospel hoje é uma fé que está baseada no sentimento e na dependência. O convite para servir a Jesus agora é feito de forma que a igreja não é mais o local onde Deus, por instrumento de sua Palavra fala a seu povo, mas sim, o ambiente onde você pode se alegrar, ouvir boa música e uma palestra de autoajuda que fará seu ego se sentir preparado para vencer na vida. E como uma criança sem pai, você descobre no transcendente a possibilidade de se sentir amado por algo ou alguém. Mesmo sem perceber, muitas paróquias abraçaram o espírito por trás do liberalismo teológico, aquele que nega a inerrância da Escritura e o nascimento virginal de Cristo; e coloca a religião apenas como um instrumento para as necessidade humana presente nesta vida.

E aparentemente as pessoas continuam a se enxergar como cristãs, pois entendem que na teoria ainda subscrevem o Credo Apostólico, mas será mesmo que o que se vive no dia a dia é o Evangelho ortodoxo ensinado na Escritura? Como tem sido a exposição do texto bíblico nesses lugares? As palavras perdão, pecado, salvação e arrependimento ainda são temas frequentes? O conselho é que se os temas centrais da Sagrada Escritura não tem sido narrados, apesar de não ser negado o credo, a prática demonstra que esses espaços se tornaram sinagogas de Satanás, pois o apóstolo Paulo assim escreveu:



Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. 1 Coríntios 15-19.



Portanto, por mais que alguns homens religiosos que se declaram ortodoxos por não negar o credo, mas que enganam seus fiéis contando fábulas e mentiras, estes devem ser rejeitados. Se o Credo ainda não foi negado, é só por uma mera formalidade, pois na prática, suas teologias já negaram a suficiência de Cristo para a vida cristã, depositando toda sua esperança nesta vida que é como sopro e finita.



Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças; Porque toda a criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças. Porque pela palavra de Deus e pela oração é santificada. Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade; Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir. Esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação; 1 Timóteo 4:1-9

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