O consolo para os que choram


“Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o SENHOR tem feito por eles. Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por nós; por isso, estamos alegres. Restaura, SENHOR, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe. Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes.” (Salmo 126)

Os primeiros cristãos valorizavam grandiosamente o livro dos Salmos. De fato, juntamente com Isaías e Deuteronômio, esse livro está entre os mais citados no Novo Testamento. As comunidades cristãs, ao longo dos tempos, transformaram Salmos no seu livro de orações mais querido. Ele nos concede a oportunidade de observar o modo como homens vigorosos se apresentaram a Deus, como dispuseram seus corações, oraram, suplicaram e o louvaram. É possível se identificar com as situações vivenciadas nos Salmos, pois falam tão bem de nossa vida, de nossos conflitos, tristezas, alegrias e esperanças, que parecem ter sido escritos em nossos dias e para o hoje da nossa caminhada.

Relembrando um passado de libertação admirável, celebrando a restauração e colhendo alegrias, no Salmo 126, um grupo de pessoas pede que a sorte delas seja mudada novamente. O Salmo é uma súplica enquanto se recorda um fato extraordinário acontecido tempos antes na vida nacional. Deus havia mudado a sorte de Sião (Jerusalém). Certamente, trata-se do retorno dos exilados na Babilônia, que estavam reconstruindo suas vidas e restabelecendo sua identidade como povo. No Salmo, após o momento de gratidão, há um pedido para que a sorte, mais uma vez, fosse mudada. Sinal que estavam enfrentando um novo conflito ou drama social. Este momento é marcado pela esperança. Eles esperavam que o Senhor novamente mudasse a situação de suas vidas. Notamos que, os problemas passados serviram de estímulo e esperança diante das novas dificuldades. O detalhe surpreendente neste Salmo, é que Israel aprendeu a viver também a partir da dor. A nova situação de tensão, e sem dúvida, dolorosa e provocadora de lágrimas, é vista como tempo de semeadura. O partir chorando é semeadura vocacionada a dar frutos abundantes. Nesse sentido, o sofrimento é lugar de aprendizado, articulador de novas experiências, e de modo inesperado, fonte de alegrias futuras. Às vezes, as lágrimas podem ser fecundas. Jesus comparou as aflições de seus discípulos às dores do parto, que dá à luz uma novidade, fazendo com que as lágrimas sejam esquecidas (Jo 16: 20-24).

Em diversos momentos da nossa vida passamos por aflições. Quando o tempo de semeadura com lágrimas chegar, que possamos absorver e guardar aquilo que o Senhor Deus quer nos ensinar, confiando no poder que Ele tem de fazer o inimaginável por meio de sua inesgotável bondade. Que Deus nos conceda esperança e compartilhe da sua gratidão em nossos corações, dia após dia.

Por Iehonalla Silva.

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